terça-feira, 3 de março de 2009

A viagem interminável do pensar

Falando um pouco mais dessas viagens, posso dizer desde já, esse lance de livro está sendo uma viagem total dos meus pensamentos, não sei se minha idéia inicial era essa, mas percebo que é esse o caminho que estou seguindo, mas o curioso é que nunca sei para onde eu vou, aonde e se irei chegar, mas o pior é que não sei para onde vou levar você que está aí na minha garupa.Tem momentos que consigo enxergar minhas palavras transitando pelas cidades grandes como Rio de Janeiro e São Paulo, vejo meus pensamentos caminhando pela Rua do Lavradio, na minha querida Lapa, encontro-me com a força do sentimento que tenho dentro de mim por becos sutis no centro da cidade maravilhosa, vejo travestis, simpatizantes, vejo homem com homem, tem mulher com mulher, tem drogas, sexo, tem uma diversidade cultural muito grande, skin hads num canto, roqueiros e metaleiros no outro, tem a galera do Samba, da Bossa Nova, tem o pessoal do funk, mas também encontro o pessoal da MPB.
Minhas palavras se deparam com a triste realidade da criança que deveria estar dormindo, mas está vendendo bala, minha palavra percorre pela Lapa e se encontra com as patricinhas que chegam de Ipanema, Leblon e por toda orla, mas também se esbarra com as meninas e meninos da Zona Norte, os tais suburbanos que essas divisões sociais pincelam como algo menor. Mas isso não importa agora, ainda não quero falar da diferença existente entre os povos, só quero mostrar que a viagem existe o tempo todo em nossa vida e neste momento, por exemplo, nem estou mais no Rio. Não percebeu? Fiz a ponte área já, estou aqui andando pela Rua Augusta, assustado com o tamanho e com a quantidade de prédios, assustado também com a geladeira e com o fogão que estão ali mergulhando intensamente no Rio Tietê. Nesse momento meu pensamento de espanto já não estava mais ali, pois ao me assustar com essa grandiosidade do mundo capitalista que se encontra em São Paulo, me enfiei dentro de um avião e fui diretamente para a minha charmosa Paris, não quis nem saber, não deixei recado com ninguém, coloquei algumas coisas na mochila, e segui direto para o aeroporto, acho que estava precisando sair do Brasil por um tempo, avaliar de longe as idéias que eu havia criado sobre esse país nosso que consegue ser mutuamente tão rico e tão pobre. Estava de saco cheio de ouvir o povo reclamando do Itamar, do Fernando Henrique e do Lula, o povo reclama, mas não faz nada, só reclama, é um bando de chorões de braços cruzados, reclamam do salário mínimo que de mínimo realmente tem tudo, mas também não se esforçam, para conseguir um emprego melhor, aliás, o que muitos querem são empregos, mas esquecem que o importante para conseguir um bom emprego é trabalhar. Outra coisa que estava me irritando no Brasil é esse papo de celebridade, aqui uma mulher com nome de fruta ganha milhões pra mostrar o que vai ficar podre no futuro, tudo bem, enquanto está maduro a gente até dá uma olhada bem atenta, mas isso só porque somos tolos, veja só, o chorão e honesto trabalhador que reclama que ganha uma merreca pra sustentar sua família com treze filhos, é o mesmo babaca que compra essas revistas masculinas com essas mulheres aparecendo sem suas cascas, levando em conta que cada revista dessa vale aproximadamente cinco ou seis reais, puxa vida... No lugar dessa revista o Amarildo poderia estar comprando três caixas de leite para alguns de seus treze filhos, mas não... Com toda sua tolice hormonal, ele preferiu se esbaldar com a revista da tal mulher fruta. No fim das contas, ele ajudou a enriquecer a vida de uma nova celebridade, gastou o dinheiro do leite e ainda descobriu que a mulher fruta já perdeu o espaço, a moda agora é a mulher carne, sim, acho que é Mulher Filé.Tudo isso me faz pensar muito, vejo que tenho que estudar de verdade, mas por falar em Mulher Filé, o que me fez realmente tomar a decisão de ficar um tempo fora do Brasil foi quando percebi realmente que hoje em dia qualquer pedaço de bife vira estrela nacional.

Anderson

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